O evento AI Comply Talk, que aconteceu em Lisboa no último mês, reuniu especialistas da Visor.ai, Microsoft, Vieira de Almeida e Starkdata para explorar os desafios e oportunidades apresentados pelo panorama digital em constante evolução, do ponto de vista do compliance. Tanto as apresentações quanto as discussões abertas que se desenrolaram demonstraram o poder de medidas proativas de compliace e desafiaram-nos a navegar pelas águas desconhecidas da era digital com propósito, integridade e dedicação à inovação ética e responsável.
Diversas Perspectivas de Líderes da Indústria
O evento AI Comply Talk contou com um painel de oradores ilustres, cada um oferecendo uma perspectiva única sobre o papel do compliance no âmbito digital. Para iniciar a discussão, ouvimos Gianluca Pereyra, da Visor.ai, falar sobre as concepções errôneas comuns e os desafios apresentados por modelos de IA generativa, como a falta de informação e regulamentação, as dúvidas quanto à segurança e privacidade das soluções e a dificuldade de posicionar o papel da conformidade na tecnologia moderna.
Representando a Microsoft, Miguel Caldas partilhou as suas experiências e estratégias para garantir a conformidade em uma ampla gama de produtos e serviços digitais, e como a Microsoft navegar a intricada rede de conformidade em meio às operações expansivas de um dos gigantes da tecnologia mundial. Tivemos uma visão mais profunda do compromisso da empresa com a IA responsável por meio do Azure OpenAI Service.
Para esclarecer o assunto do ponto de vista legal, contamos com a participação de Iakovina Kindylidi, Assessora Sênior Internacional, que concentrou-se nos principais desafios empresariais da implementação de IA, com questões centrais relacionadas a preocupações legais e éticas, bem como alguns obstáculos inerentes ao campo da IA. Para navegar de maneira eficaz por estes desafios legais e regulatórios, foi enfatizada a importância de práticas de IA responsável ao longo do ciclo de vida da IA, com foco em compliance, governança de dados robusta e monitoramento e treinamento contínuos.
Representando a Starkdata, Catarina Nunes fez uma apresentação esclarecedora sobre os princípios da implementação de IA responsável, juntamente com a necessidade de aderir a regulamentações legais relevantes e regulamentações específicas do setor. A sua abordagem destacou a necessidade de governança interna robusta, monitoramento contínuo e gerenciamento proativo de riscos, enfatizando também a importância da qualidade dos dados, diversidade e prontidão. A IA responsável é fundamental para garantir que as tecnologias de IA sejam implantadas de maneira ética e segura, beneficiando tanto as empresas quanto a sociedade como um todo.
Navegando pelos Desafios do Compliance
No cerne do evento AI Comply Talk esteve uma profunda exploração dos vários desafios que as organizações enfrentam ao tentar navegar o terreno complexo do compliance na era digital. As apresentações incluíram análises detalhadas de várias questões, incluindo
Privacidade e Proteção de Dados: As conversas centraram-se no desafio contínuo de conciliar a inovação orientada por dados com forte privacidade e segurança dos mesmos. Com a emergência dos dados como o moeda da economia digital, as empresas devem encontrar um equilíbrio delicado entre a exploração de dados para inovação e cumprir uma variedade de requisitos de privacidade. GDPR e CCPA, por exemplo, apresentam desafios significativos à medida que as empresas navegam na estreita linha entre inovação orientada por dados e a privacidade do consumidor.
Ética em IA e Automação: A combinação de inteligência artificial e tecnologia de automação apresenta novos fatores éticos. As questões principais giram em torno de preconceitos na tomada de decisões da IA, do problema da “caixa-preta” da opacidade da IA e da complexa questão da responsabilidade por ações geradas pela IA. O preconceito é uma preocupação ética fundamental, uma vez que os sistemas de IA podem perpetuar preconceitos em seus dados de treinamento, o que pode levar a resultados discriminatórios. O desafio da “caixa-preta” destaca a necessidade ética da transparência e explicabilidade da IA, garantindo que o raciocínio por trás das ações impulsionadas pela IA seja compreensível. A responsabilidade ainda é uma questão fundamental, uma vez que determinar quem é responsável pelas ações geradas pela IA pode ser difícil, levantando implicações morais e legais. Para abordar essas preocupações éticas, é fundamental adotar práticas de IA responsável, que incluem não apenas a legalidade e a robustez da tecnologia, mas também seu compromisso com padrões éticos que promovam a justiça, transparência e responsabilidade em sistemas de IA e automação.
Complexidade Regulatória Global: As responsabilidades de compliance estendem-se além das fronteiras para empresas com impacto global. Com vários países e regiões introduzindo as suas regulamentações, como o Europe Artificial Intelligence Act e o United States Algorithmic Accountability Act de 2022, navegar o panorama internacional de conformidade de IA pode ser difícil. Restrições específicas do setor de entidades como o CMVM, Banco de Portugal e EBA aumentam esse desafio. Para lidar com essa complexidade, as empresas que adotam a IA devem não apenas estar bem informadas sobre requisitos regulatórios genéricos e especializados, mas também garantir adesão rigorosa a padrões de proteção de dados, ética e segurança, como GDPR e CCPA, como mencionado anteriormente. Esse ambiente legal complexo exige uma abordagem abrangente para a IA Responsável, enfatizando a importância de coordenar esforços globais de compliance para construir e implementar sistemas de IA com segurança, ética e transparência.
Agilidade em Resposta a Mudanças Regulatórias: A adaptabilidade é essencial no contexto intricado e em constante mudança do compliance aplicado à IA. Quando surgem novas legislações, como o UK Artificial Intelligence White Paper ou o Projeto de Lei C-27 no Canadá, as empresas devem rapidamente ajustar-se para cumprir com os requisitos necessários. Manter uma estrutura interna de governança dinâmica que permita alterações rápidas nos métodos de coleta e uso de dados é fundamental. Além disso, à medida que a legislação evolui, as empresas devem estar preparadas para reavaliar e requalificar os sistemas de IA para garantir a conformidade contínua. As empresas podem negociar eficientemente o terreno regulatório complicado e alinhar proativamente as suas implementações de IA com as mudanças nas normas legais e éticas, priorizando essa agilidade, defendendo, em última instância, as suas operações e reputação em um ambiente regulatório em constante mudança.
Aproveitar as Oportunidades da Era Digital
Além dos desafios, o evento AI Comply Talk destacou a extraordinária oportunidade que a era digital oferece àqueles que são proativos na adoção do compliance como uma componente crucial da sua estratégia de negócios. O compliance pode servir como base para desenvolver a confiança com clientes e parceiros, impulsionando assim a reputação da empresa. Além disso, ela promove inovação ética e responsável, garantindo que avanços tecnológicos estejam alinhados com as normas e expectativas da comunidade.
Em conclusão, fomos além de conversas superficiais para proporcionar uma exploração imersiva da área do compliance nos tempos modernos. O evento AI Comply Talk lançou luz sobre os desafios que as empresas enfrentam, enfatizou a importância de estratégias proativas de compliance e destacou como as organizações podem usá-lo como uma oportunidade de crescimento ético e inovador em um mundo onde a tecnologia e a regulamentação estão interconectadas.